quarta-feira, julho 26, 2006

COLETÂNEAS, GREATEST HITS E OUTRAS BESTEIRAS

Considero-me um grande admirador de música, não um fanático completo que leva a vida na música, faz dela um negócio, um ganha-pão, bem menos, um músico, que como alguns, se acham como um “artista do movimento musical” que mudará o mundo, menos ainda, um “nóia” ou um “zé mané” (dentre os milhões existentes) que se apegam a guardar na ponta da língua letras, traduções, títulos e faixas e vivem colados em radinhos escutando os grandes hits do momento, as baladas de sucesso, ou simplesmente o que está na moda, mas sim, um simples ouvinte assíduo e admirador de música boa. E claro, um simples ouvinte assíduo e admirador de música boa tudo em alto e bom volume, sempre. E como um grande admirador de música, tem algo que me revolta profundamente no cenário musical – ainda mais do que ver a grandessíssima quantidade de besteiras disponíveis nas prateleiras e suas medíocres legiões de fãs temporários -, estou falando das “Coletâneas”, dos “Greatest hits”, dos “Os Melhores Momento de ...”, e dos outros infinitos títulos dados às aglomerações das “músicas mais tocadas”, das “musicas da moda”, das “musicas das paradas”, das “melhores músicas de”. Porra, faz-se um apanhado de 12 faixas – não sei feito por qual idiota – e diz-se ser as melhores composições de uma banda, de uma década, de uma geração e até de um século. Nisso tudo cabe um outro comentário, me desculpem até as próprias bandas, mas coletâneas são coisas pra enganar o tempo, preencher a falta de coisa nova, a ausência de criação e ganhar “fãs temporários”. O que é isso ?. Isso é motivo de piada, de desprezo, onde se viu escolher um mísero número de faixas e enquadrá-las como as melhores de uma grande banda, de uma época?. Como é possível selecionar as 12 melhores de 20, 30, 40, ... 100 anos de história?. Isso é simplesmente impossível e acima de tudo injusto. E com tudo isso, vulgarizam-se as grandes bandas, colocam-se na boca de todos os “hits”, as "baladinhas comerciais", os “sons da parada de sucesso”, e aí se ouve “ – Aquela banda tem umas musicas legais, até que gosto dessa banda”. Onde se viu gostar de UMA musica ?, onde viu “até que gosto dessa banda”?. Ou gosta ou não gosta, não se gosta de alguém pela metade, ou gosta-se do completo, do dedão do pé até o ultimo fio de cabelo (todo enrolado, disforme e tortinho), ou não gosta, e com música não é diferente, tudo tem que ser admirado, porque banda é diferente de UMA música, banda é o todo, banda é integrantes, canções, álbuns demos, álbuns estúdios, singles, bootlegs e, acima de tudo, shows. E aí vêem me dizer de “Coletâneas do Rock” (onde se viu fazer uma coletânea de todo o rock n’ roll, absurdo), “Coletâneas dos Anos 60, 70 e 80” (Maldita Globo e Som Livre), “Coletâneas do Luciano Huck” (Maldito napa), e por aí vai as inúmeras geniais idéias vendáveis. Simplesmente odeio tudo isso, abomino bandas, cd’s e gravadoras adotantes desta prática. Não estou aqui dizendo que me recuso a ouvir tais bandas, mas apenas me recuso a adquirir tais “pérolas” e compartilhar dos mesmos sons que certos “Zé Manes”, me recuso a entrar no "coro dos hits insuportáveis". Mas se você ainda insisti nisso, aqui vai um conselho, "- Ouça uma rádio!", além de ouvir quinhentas vezes por dia as mesmas músicas e estar por dentro da moda, você ainda economiza dinheiro (por sinal, o que são as rádio de hoje hein, é tudo a mesma coisa, simplesmente um mesmo playlist diário em shuffler, simplesmente uma merda). ... Certo dia um alguém desprezível e tomador de remédios, comentou comigo que havia comprado os álbuns “Anos 80 – O melhor das Discos” (acho que o maldito nome da porcaria era isso mesmo, uma idéia genial da Globo e Som Livre, é claro), e mais, o ser estava tentando me dizer – neste momento eu já não estava mais ouvindo-o – que os álbuns eram muito bons, e mais, me disse “ – Se você quiser ouvi-los um dia desses, posso emprestar-te”, e eu respondi, “ – Será que vai chover ?, acho que deixei o meu cachorro no quintal. ... Boa essa cerveja né, tá gelada”.

Rock'n Roll sempre, pro inferno o resto!


25 de Julho de 2006

terça-feira, julho 25, 2006

Arte da guerra

Seja arrogante.

quarta-feira, julho 19, 2006

UM POUCO DE FIÓDOR

... Em resumo, se a memória não me falta, o senhor dava a entender que existem na terra homens que podem, ou melhor que tem o direito absoluto de cometer toda a casta de ações criminosas, homens para quem, de certo modo, não existe a lei.
...
- Não, não é isso, ... . No artigo de que se trata, os homens são divididos em ordinários e extraordinários. Os primeiros devem viver na obediência e não tem o direito de desrespeitar a lei, porque são ordinários; os segundos em o direito de praticar todos os crimes e de violar as leis, pela razão simplíssima de que são criaturas extraordinárias. Foi isto que o senhor disse, se não me engano.
... Eis o que disse: o homem extraordinário tem o direito não oficialmente, mas por seu próprio alvedrio, de autorizar a sua consciência a saltar sobre certos obstáculos, no caso especial que assim exija a realização de sua idéia, a qual pode ser por vezes útil ao ser humano. ...
... Na minha opinião, se os inventos de Kepler e Newton, em virtude de circunstâncias especiais, não tivessem podido fazer-se conhecer senão com o sacrifício de uma, de dez, de cem ou maior número de vidas, que fossem obstáculos a essas descobertas, Newton teria tido o direito, ainda mais, teria sido obrigado a suprimir esses dez ou cem homens, a fim de que essas descobertas aproveitassem ao mundo inteiro. ...
... Quero estabelecer o princípio de que a natureza divide os homens em duas classes: uma inferior, a dos ordinários, espécie de matéria, tendo como única missão reproduzir-se; a outra, compreendendo os homens que tem o dever de lançar no seu meio uma palavra nova. ...
... A primeira pertence, em geral, os conservadores, os homens de ordem, que vivem na obediência e tem por ela um culto. Na minha opinião, são até obrigados a obedecer, porque essa é a missão que o destino lhes impõe, e isso nada tem de humilhante para eles.
O segundo grupo compõem-se apenas de homens que transgridem a lei, ou tentam transgredi-la, segundo os casos. Naturalmente os seus crimes são relativos e de uma gravidade variável.
A maioria deles reclama a destruição do presente por causa do melhor.
Mas, se em defesa da sua idéia, forem forçados a derramar sangue, a passar sobre cadáveres, eles podem em consciência fazer uma coisa e outra – no interesse dessa idéia, é claro. ... O primeiro grupo é sempre senhor do presente, e o segundo é o senhor do futuro. Um conserva o mundo, multiplica-lhes os habitantes; o outro move o mundo e o dirige. ...
- Muito obrigado. Mas diga-me: como é que s podem distinguir esses homens extraordinários dos ordinários ?. Trazem sinais quando nascem ?. ...
... lembre-se de que o erro é só possível na primeira categoria, isto é, naqueles que eu chamei, talvez despropositadamente, homens ordinários. Apesar de sua tendência inata para a obediência, muitos deles por um capricho da natureza, querem passar por homens da vanguarda, por destruidores, crêem-se chamados a fazer ouvir uma palavra nova, e essa ilusão, é sincera, neles. ...
... há muitos desses indivíduos extraordinários que tem o direito de matar os outros? ...
... Em geral nasce um número singularmente restrito de homens com uma idéia nova, ou mesmo capazes de dizerem o que quer que seja de novo. ... Uma grande massa de pessoas não existe sobe a terra senão para, depois de demorados e misteriosos cruzamentos de raças, dar enfim nascimentos a um homem que, entre mil, terá certa independência. ... Conta-se um gênio em muitos milhões de indivíduos e milhares de milhões de homens passam talvez na terra antes que surja uma dessas altas inteligências que renovam a face do mundo.


Partes extraídas, na íntegra, do livro “Crime e Castigo” de Fiodór Mikhailovitch Dostoiévski.

18 de Julho de 2006

terça-feira, julho 18, 2006

Combinado então, seu Ricardo???

COPA DO MUNDO BRASIL VENDIDO PARA FIFA !!!!!!(Esta notícia já vazou desde aquela época)
Alerta para puxar o freio de mão... essa nós não levamos também. É da Itália ou Alemanha. Talvez, isso explique a razão do Jogador Leonardo ter declarado a seguinte frase:- "Se as pessoas soubessem o que aconteceu na Copa do Mundo, ficariam enojadas". Todos os brasileiros ficaram chocados e tristes por terem perdido a Copa do Mundo de futebol, na França. Não deveriam. O que está exposto abaixo é a notícia em primeira mão que está sendo investigada por rádios e jornais de todo Brasil e alguns estrangeiros, mais especificamente Wall Street Journal of Americas e o Gazzeta delo Sport e deve sair na mídia em breve, assim que as provas forem colhidas e confirmarem os fatos. Fato comprovado: o Brasil VENDEU a copa do mundo para a Fifa. Os jogadores titulares brasileiros foram avisados, às 13:00 do dia 12 de Julho (dia do jogo final), em uma reunião envolvendo o Sr.Ricardo Teixeira (na única vez que o presidente da CBF compareceu a uma preleção da seleção), o Técnico Mário Zagallo, o Sr. Américo Faria, supervisor da seleção, e o Sr. Ronald Rhovald, representante da patrocinadora Nike. Os jogadores reservas permaneceram em isolamento, em seus quartos ou no lobby do hotel. A princípio muito contrariados, os jogadores se recusaram a trocar o penta-campeonato mundial por sediar a Copa do Mundo. A aceitação veio através do pagamento total dos prêmios, US$ 70.000,00 para cada jogador, mais um bônus de US$ 400.000,00 para todos os jogadores e integrantes da comissão, num total deUS$23.000.000,00 (vinte e três milhões de dólares) através da empresa Nike. Além disso, os jogadores que aceitarem o contrato com a empresa Nike nos próximos 4 anos terão as mesmas bases de prêmios que os jogadores de elite da empresa, como o próprio Ronaldo, Raul da Espanha, Batistuta da Argentinae Roberto Carlos, também do Brasil.Mesmo assim, Ronaldo se recusou a jogar, o que obrigou o técnico Zagallo a escalar o jogador Edmundo, dizendo que Ronaldo estava com problemas no joelho esquerdo(em primeira notícia divulgada às 13:30 no centro de imprensa) e, logo depois, às 14:15, alterando o prognóstico para problemas estomacais). A sua situação só foi resolvida após o representanteda Nike ameaçar retirar seu patrocínio vitalício ao jogador, avaliado em mais de US$ 90.000.000,00(noventa milhões de dólares) ao longo da sua carreira. Assim, combinou-se que o Brasil seria derrotado durante o "Golden Goal" (prorrogação com morte súbita), porém a apatia que se abateu sobre os jogadores titulares fez com que a França, que absolutamente não participou desta negociação, marcasse, em duas falhas simples do time brasileiro, os primeiros gols. O Sr. Joseph Blatter, novo presidente da Fifa, cidadão franco-suíço, aplaudiu a colaboração da equipe brasileira, uma vez que o campeonato mundial trouxe equilíbrio à França num momento das mais altas taxas de desemprego jamais registradas naquele país, que serão agravadas pela recente introdução do euro (moeda única européia) e o mercado comum europeu (ECC). Garantiu, também, ao Sr. Ricardo Teixeira, através de seu ex-sogro, João Havelange, que o Brasil terá seu caminho facilitado para o penta-campeonato de 2002 (lembram do pênalti que não foi na partida de estréia contra a Turquia? E o golzinho legítimo do belga Wilmots, pelas oitavas, que o árbitro anulou erroneamente?). Pois é, como diria Thomas Jefferson: Se os homens são puros, as leis são desnecessárias; se os homens são corruptos, as leis são inúteis.

segunda-feira, julho 17, 2006

Post Motivador

Lembro que para as Olimpíadas de Sidney o Comitê Olímpico Brasileiro contratou um guru da motivação, um tal Roberto Shiniashiki, que entre outros feitos colocou os atletas para andarem sobre um corredor de brasas gritando coisas como “- Eu sou bom. Eu acredito. Seremos campeões” e demais frases de conteúdo motivador.
O resultado? Foi a pior participação brasileira na história das Olimpíadas. Dizem até que depois dessa, o guru teria caído numa depressão profunda...
Outros que gostam muito de trabalhos motivacionais são executivos de grandes empresas, e não é difícil vê-los em palestras desse tipo servindo de cobaias aos palestrantes. Nessas palestras, alguns dos participantes são chamados ao palco para participarem de alguns “exercícios”, como imitar macacos ou fingir que são algo estranho, como um cortador de unha ou um chicle de bola mascado. Enquanto seus companheiros se matam de rir na platéia, o palestrante motivador explica, com cara de sério, que o exercício serviria para provar que ao ser motivado qualquer um pode fazer qualquer coisa. Servir de palhaço, com certeza.
Na verdade não acredito nesta motivação milagrosa, remédio para todos os males e capaz de proporcionar coisas incríveis por si só, sem maiores explicações, se limitando à mentalização de coisas positivas e à repetição de palavras mágicas.
Será que nas mais variadas situações da vida em que há disputa, estaríamos todos sempre em igualdade de condições e o principal diferencial na determinação do vencedor seria somente o maior grau de motivação, de positividade, seja lá o que isso signifique objetivamente?
Não parece funcionar assim. Não imagino a transformação de alguém sem talento em alguém talentoso pela motivação pura e simples, por apenas se fazer essa pessoa acreditar que pode e mais nada.
É claro que existe motivação e não seria mesmo lógico negar sua existência, seria como negar a realidade. Até mesmo o seu chefe quando te chama de vagabundo, está de certa forma te motivando. Acontece que ao se admitir a motivação, essa motivação de andar em brasas e imitar macacos, como determinante única do sucesso, fatores importantes como competência, dedicação, perseverança e disciplina são simplesmente deixados de lado, postos em segundo plano.
Cuidar da mente é importante. Auto-estima em dia e equilíbrio emocional também são imprescindíveis ao bom desempenho em qualquer atividade. E seria realmente muito bom se o sucesso estivesse ali pertinho, depois de um corredor de brasas. Mas é preciso mais, muito mais.

sexta-feira, julho 14, 2006

Opção pela esquizofrenia.

Quero fazer uma homenagem a Syd Barrett. A primeira e única cabeça genial q passou pelo Pink Floyd. Seu nome era Roger Keith Barrett. Ganhou o apelido "Syd" quando tinha 15 anos. Foi apresentado por Roger Waters aos outros integrantes do Floyd (Nick Mason e Rick Wright) ainda na época que estes cursavam arquitetura em Cambridge. Syd era diferenciado. Tinha só 21 anos quando o Floyd lançou o primeiro disco: "The piper at the gates of a dawn", disco q redefiniu o caminho do Rock. Até então o termo "psicodelia" nem existia. Syd usava para tocoar sua Fender um isqueiro Zippo, antes até de Hendrix, para atingir aquela sonoridade tão peculiar. Diz a lenda q enquanto o Floyd gravava este disco no estúdio B, os Beatles gravava o mitológico "Sg. Peppers" no estúdio A. Nessa, diz-se, q John Lennon e Syd trocavam figurinhas sobre seus respectivos discos. E mais, fala-se q se vc aumentar o som de "The piper" ouve-se bem de fundo "Sg. Peppers"...vai sabê...
Mas Syd, depois disso, passou a matar o tempo com outra atividade: tomava LSD diariamente. E no fim de 1968 foi convidado a se retirar do Floyd (entrando David Gilmour em se lugar), por não ter mais condições nem sequer de ensaiar. Gravou ainda mais dois discos: "The Mad Cap Laughs" e "Barrett", ambos de 1970. Geniais. Achou, pode comprar. Eu agarantcho...E então Barrett se foi... Se isolou na casa de sua mãe em Cambridge e de lá nunca mais saiu. Ficou lá até dia 07/07/2006, quando nos deixou. Syd, ao que parece optou conscientemente(rsrs) pela loucura, pela esquizofrenia. Passava seus dias entre a Tv (grande paixão sua), suas pinturas e seu jardim. Até hoje seu nome é reverenciado por gente como David Bowie (Ziggie Stardust jamais existiria sem Barrett), R.E.M., John Frusciante (Red Hot Chilli Peppers), Arnaldo Baptista ( tido como o Barrett brasileiro...rsrs), Blur, Placebo, e muito mais que agora não me lembro. Para saber mais sobre Barrett, é só dar uma olhada num documentário q a BBC fez. O título é mais ou menos "The History of Pink Floyd and Syd Barrett"

Fica aqui meu minuto de silêncio em homenagem à uma das almas mais iluminadas que já passaram pelo Rock. Ave Syd Barrett...60, 59, 58, 57, 56, 55, 54, 53, 52, 51...

quinta-feira, julho 13, 2006

O SENTIDO DA IGNORÂNCIA

Ultimamente tenho usado frequentemente as palavras “Ignorância” e “Ignorante”. Melhor falando, diariamente, quase hora-a-hora. Hoje, para mim, tudo é ignorante ou ignorância, aplica-se a tudo e a todos, sem exceções. A fluência é total, espontânea, algo impensável, assim como o “mim” é para os ignorantes. Simpatizei com o fonema desta inigualável palavra. É algo completamente diferente de todas as outras, o tom tônico na sílaba intermediária faz toda a diferença. “Ignorââânnncia”, “Ignoraaannnte”. Quando aplicada diretamente a um ser, o elogio se estende e permanece por horas, simplesmente maravilhoso. Mas confesso, o uso indiscriminado destas não se dá em público, ainda é algo recatado, recluso, exclusivo apenas para os meus próprios ouvidos. Porém, um dia elogiei um ser de ignorante, frente-a-frente, cara-a-cara, a queima-roupa. Meu Deus, a abominável criatura quase me grudou pelos colarinhos, o ignorante quase partiu para a ignorância. Bacana né, a palavra se flexiona entre substantivo e adjetivo e vice-versa, mais um ponto pra elas. Mas, uma coisa nisso tudo é estranho, incompreensível. Porque os seres se incomodam tanto com este elogio ?. Para mim, ignorante = leigo, simplesmente ausência de conhecimento. Posso dizer com certeza, nisso tudo, há somente um ser que não pode ser adjetivado com este elogio, mas ele não mais divide este espaço aqui em baixo, “o espaço dos ignorantes”. No resto, todos são ignorantes. Da simples pedra – que é ignorante porque é uma pedra – até o mais culto dos seres – que é ignorante porque acha que é culto. Com tudo isso, me veio uma outra coisa, “se achar um intelectual é pura ignorância ...”, mas, vamos deixar isto para uma próxima, este tópico merece uma atenção especial, isolada, única. ..............., bom, no final, “Ou eu estou errado, ou todos são realmente ignorantes ”.

13 de Junho de 2006

quarta-feira, julho 12, 2006

Razão

O homem, escravo da linguagem, ainda pensa ser o senhor da razão.

segunda-feira, julho 10, 2006

A ANO EM QUE O POVO TUPINIQUIM NÃO MERECEU A CANECA

Foi em 2006, na 18a Copa do Mundo de Futebol. Exatamente neste ano o povo tupiniquim não mereceu carregar, mais uma vez, a Jules Rimet, não mereceu entrar, isoladamente, para história mundial. Seríamos o único país a ter uma estrela de seis pontas. Simplesmente ÚNICO. Mas não quisemos isso, não fizemos nada para isso, não merecemos isso. Não fizemos a mais simples das lições de casa, não torcemos para o Brasil, não vibramos pelo Brasil, não choramos pelo Brasil, não acreditamos no Brasil. Nunca, em nenhum instante, em nenhum momento. O povo tupiniquim se orgulha de suas diversas raças, é patriota não residente e se envergonha da terra que os adotou. Não temos que nos orgulhar dos milhões de escândalos políticos, da violência e da pobreza do nosso povo, mas temos que encher o peito do nosso futebol e do nosso carnaval, até porque, isso é tudo o que somos, o “país do futebol e do carnaval”. Mas voltemos a falar, especificamente, da Copa do Mundo de Futebol de 2006, da copa em que o Brasil foi desclassificado, antecipadamente, pelos próprios brasileiros. Passamos das Oitavas, contra tudo e contra todos. Mas no início do final de semana do nosso jogo das Quartas nada começou muito bem, pelo menos para mim e para algumas pessoas mais. Uma amada pessoa desapareceu-se. Confesso, naquele final de semana, a seleção perdeu um torcedor otimista. Mas o espetáculo não pararia por isso, não daria a mínima ciência disso. E novamente a seleção do mundo enfrentaria tudo e todos. Entraria em campo na presença de “uma torcida vestida de turistas”. E isso aconteceu. Foi algo inacreditável, foi, com certeza, a pior partida de futebol que um time poderia apresentar. Foi tudo simplesmente mágico. Retiraram nosso futebol por 90 curtíssimos minutos. Coisa impressionante, coisa Divina. É, é isso, coisa Divina. Fomos castigados pelos Deuses do Futebol pelo comportamento dos tupiniquins. Não é nada normal, ver os melhores do mundo não saberem chutar uma bola. Onde se viu, perdemos de um timéco com um “touro enceradeira” e um “corredor matador com pernas de pau”. Placar ?, um misero um gol. Vaias ?, bilhões. No final, o que se viu ?, imprensa em festa, gurus em êxtase, e claro, bilhões de técnicos. Triste povo da colônia. Astros de volta, mais vaias. E por muito menos, vimos os nosso vizinhos hermanos louvando a seleção hermana, vimos "os da terra do bigode" acreditar em um brasileiro, e vimos, até, "o povo que fala alto" acreditar que a sua misera seleção poderia ser tetracampeã. Pois é, e a Fé foi tão grande, que eles realmente foram. Levaram a caneca para o seu meritório povo. No final, foi isso, perdemos a copa no futebol e eles ganham a copa no grito. Pensando bem, melhor assim, seria deprimente ter visto no domingo um pobre povo pelas ruas vestido de brasileiro.

10 de Julho de 2006

Piada política

Já escrevi aqui, há tempos, que de política só falaria se fosse pra fazer piada. Pois é, ainda não mudei de idéia. Nem poderia. Como não rir de Lula, de Lembo, de Munhoz, de Alckmin, de Heloísa Helena? Como não rir daqueles que, do alto de palanques, com seriedade, gravidade na voz e ardor de sentimentos, prometem um novo tempo?

Pior ainda, se houve época que o poder era legitimado pela investidura divina, agora os políticos inverteram o jogo- se transformaram em Deuses Nossos Senhores, com acesso preferencial aos Paraísos dos Políticos-Ilhas Jérseys e afins. Quando escorregam, vão para as CPI´s, o inferno dos políticos, onde ajoelham, choram, negam, mentem e impreterivelmente, são absolvidos.

Políticos são rudes, não sabem ouvir, quando falam, gritam. São egocêntricos, narcisistas, interesseiros, puxa-sacos, vaselinas. Não pedem, mandam. Nunca estão errados. São despreparados, mas fingem muito bem manter um controle que não possuem; e se vendem barato. Muito barato. São arrogantes, pretensiosos e mesquinhos. Todos, sem exceção. Aliás, um verdadeiro político nem sabe escrever exceção. São ignorantes e broncos. E se vestem mal. Como não rir?

Mas pior ainda é a vulgaridade, manifestada na estreiteza dos raciocínios, na incapacidade de argumentação, no português ruim, na utilização desavergonhada de ataques pessoais, na falta de sutileza, na confusão que fazem entre pessoa e função. Claro: se acham donos de seus cargos, das prefeituras, das cadeiras legislativas. Quem diz que não são?

Ridículos, acham que o povo os ama. Sórdidos, dizem amar o povo. Autoritários, não admitem posições contrárias. Limitados e dependentes, não sabem se defender. Só conhecem a censura, o processo, os tribunais. Não toleram a liberdade de expressão, pois, escravos de interesses, não são nem podem ser, livres.
Eu rio.

terça-feira, julho 04, 2006

PERDEMOS PARA O BRASIL

É, a Seleção do Mundo levantou acampamento antes do previsto. Viemos embora devido a uma derrota, em campo, para o time do país onde não se tem o costume de banhar-se diariamente. Isso foi em campo, justo, certo. A Seleção do Mundo esqueceu de entrar em campo. Mesmo sem entrarmos, perdemos de apenas 1 *. Triste, deprimente. Mas antes disso, ainda nas eliminatórias da Copa, a Seleção do Mundo já havia perdido tudo. Nosso escrete já havia sido derrotado pelo próprio Brasil, já havia sido derrotado pelo seu próprio povo tupiniquim. Perdemos a caneca em 2006, mas não para os "da terra do perfume", mas sim para a própria descrença, pessimismo e ausência de patriotismo do povo da colônia. E agora?, chorem. Vejam no domingo um povo heróico erguer a nossa caneca. Aplausos aos meritórios patriotas.

* Brasil 0 x França 1 (Derrota do Brasil nas Quartas de Final)

03 de Julho de 2006

A MAESTRIA DO MAESTRO

Contra tudo e contra todos o Maestro peitou o mundo. Fincou o pé, criou raízes e não arqueou um único milímetro diante dos bilhões de técnicos. Parreira foi gigante, perfeito, implacável. Parreira foi simplesmente o “Técnico da Seleção Brasileira de Futebol”. Podemos dizer: “O Brasil tem um técnico”. Após os nossos segundos jogadores destruírem a seleção jaspion, o nosso Maestro se encrencou. Nunca se viu tanto bafafá e expectativa. Qual será a escalação da seleção hexa contra os zebrões ?. Os bilhões de técnicos e gurus lançaram os nomes ao ar. Nunca se viu tantos consultores esportivos. Acreditem, até o nome de Frederico, jogador desconhecido da nação tupiniquim, entrou na roda. Fazia-se às escalações, explicavam-se os porquês e narravam os gols. Os nomes eram os mais diversos possíveis, mas um grito era único, “- Não podemos começar a partida com a mesma escalação dos dois primeiros jogos, temos que mudar”. E assim foi feito, não se mudou nada, absolutamente nada. O vendaval passou, os gurus espernearam e o Maestro não perdeu o rebolado. Escalou os mesmos: Dida, Cafu, Roberto Carlos, Juan, Lúcio, Emerson, Zé Roberto, Kaká, Ronaldinho, Adriano e o Rei. Louva-se o hino. Começa a partida. Perfeito, clássico, o Maestro dá o primeiro tom. Calam-se os técnicos, cala-se o mundo. O nosso escrete joga como nunca se tinha visto jogar, jogamos na retranca, marcando. Geramos pouquíssimos contra-ataques, ficamos tontos com a correria aleatória das zebras, descemos pouco e nos poupamos. Eles corriam, atacavam, nós não, ficamos estáticos esperando a presa. Saída rápida, inimigos desprotegidos, e o maestro dá a sua segunda nota. Mortal, simplesmente perfeita, ensurdecedora. E aí ?. Todos acompanharam, a terra da salsicha veio abaixo, manchamos o globo de amarelo. Os gurus viraram avestruzes, enfiaram a belas cabecinhas no buraco. Gol ilegal ?, fodam-se, azar deles. Segunda etapa, mais correria e pancadaria. Substituição. Ar de fim de partida. Lançamento. E vê-se a terceira nota do Maestro. Fatal, dilaceradora, magnífica. Os gurus se viram pra dentro, “- Fudeu-se ..., fudemos-nos”. Os milhões de técnicos já nem são mais técnicos, voltam a ser torcedores, voltam a ser brasileiros. Fim do espetáculo, fim da tragédia. Chacina pública. Entrevista no final da partida: “- É, ser Parreira não é pra qualquer um, mas ser Besteira é”.


29 de Junho de 2006

O INIMIGO MORRERÁ PELA BOCA – Parte 2

Matamos a Zebra, o futebol primata foi despachado para sua terra natal, sofrendo. Foi a mais fácil e medíocre partida até o momento. Cinco minutos, Gol. Cinco minutos e o Rei quebrou o pescoço dos zebrões, acabou a partida, o futebol hexa já estava nas quartas. Tristeza dos gurus. Pensando bem, fodam-se vocês. O balanço da rede foi a la Ronaldo, tinha a sua cara, seu jeito e assim deixou mais um, deixou a sua marca eterna no lombo dos zebrões. Marca funda, com a seguinte lição: “Iniciantes são iniciantes e só”. No mais, a partida foi só mais um simples joguinho, um rachão. Nossos hexacampeão não conseguiram impor um ritmo forte com passes certeiros e jogadas deslumbrantes, mas a chances foram criadas e aproveitadas quase que na sua totalidade, e assim o placar da partida foi feito. Voltamos a marcar no final da primeira etapa. O Imperador fechou por trás de todas as zebras e balançou novamente a tela. Matador. Acaba a primeira etapa e entusiasma até os maiores pessimistas. Pensando bem, fodam-se vocês pessimistas também. Iniciou-se a segunda etapa e as zebras já estavam mortas. Apenas corriam. Tentavam chutar, mas infelizmente não tiveram essa lição e apenas batiam os pés na coitada da bola. Triste apresentação das zebras, triste ilusão de uma seleção “dente de leite”. No transcorrer do baile tive a infeliz sorte de ouvir uma péssima reflexão de um mongol guru esportivo em seu momento máximo de análise: “- O problema da seleção de Gana é que eles não sabem marcar e não finalizam as jogadas”. Genial, estupendo comentário, único, sábio, incopiável, simplesmente uma merda. Porra, tudo isso quer dizer apenas que: “Gana não sabe nada de futebol, melhor, não sabe o que é futebol”. Convenhamos, qualquer ser de sã consciência e provido de um discernimento, nível básico, sabia disso. Gol, terceiro balançar de redes, um meio campista, Zé Roberto. Cortamos as pernas das zebras e jogamos os rostos mortais, já com hemorragias, para os leões. Fim da tragédia. Para eles restaram apenas o trocar de camisas e a feliz sorte de perderem para a seleção campeã. É, no mais, eles estavam certos, confesso que realmente sofri, e muito, com Gana. Mas, fazer o quê, futebol pra nós é coisa séria, não perdoamos.

27 de Junho de 2006

O INIMIGO MORRERÁ PELA BOCA

Serás terça-feira, dia 27 de Junho de 2006 às 12:00 horas de Brasília, o dia em que o inimigo servirá de almoço. O menu ?, “Ganeses a passarinho”. Para melhor lhes informar, Gana é um país africano localizado na costa oeste deste país, tendo em sua costa litorânea o Oceano Atlântico. Digo mais, é a sua primeira participação na Copa do Mundo de Futebol. Não tão certo na veracidade da informação, mas, talvez, a sua primeira participação em uma competição internacional. Segundo os gurus, “- A grande revelação da copa”. Mas corrijo, revelação não, zebra, isso sim. Zebra com um pouco de raça e sorte, confesso. Mas uma Zebra rude, bruta e primitiva, com um futebol aos trancos e barrancos, tipo um “rança-toco”, como diz-se das partidas jogadas nas áreas rurais do país hexa. Como podes um país ser revelação da copa tendo um único jogador como destaque do time ?, e mais, um destaque que joga no campeonato africano. Sei lá né, a Inglaterra já esta nas quartas e o destaque é um "Spice Girls" que cobra faltas. Recentemente tive a má sorte de trombar com uma manchete de um jornalzinho nacional que dizia mais ou menos isso “- O Brasil sofrerá conosco.”, segundo eles, uma pronunciamento dos próprios zebrões da copa. É impressionante, os trogloditas passam da primeira fase, pela primeira vez na vida, e já se intitulam “jogadores de futebol”. Ei, o futebol existe a séculos e a Copa do Mundo a 76 anos . Zebrões !, nisso tudo, participamos de todas elas, sem exceções, e levamos cinco canecos, um deles, para sempre, e isso já faz 36 anos. Mas pensando bem, acho que sofreremos mesmo, sofreremos junto com eles ao desclassificá-los. Serás triste ver uma nação inteira chorar, mas serás lindo ver a nação hexa gritar e dançar. Nos desculpem povo da zebra, mas futebol para nós é coisa séria, primordial, essencial, prioridade de estado. Somos o país do futebol, temos como maior produto de exportação, Jogadores de Futebol, e mais, estamos nos especializando na produção de Técnicos e Comissões Técnicas. Aqui se faz o serviço completo e como tem muito, decidimos vender um pouco para o mundo pro futebol não cair na mesmice. Zebrões !, todos os que entraram em campo ousando ganhar da seleção verde-amarela, perderam de um placar elástico, todos os que ousaram levar um empate pra casa, perderam, já os que entraram querendo perder de pouco, perderam de pouco. Logo, aconselho-lhes: “ - Entrem querendo levar de pouco”, isso já é o bastante. Mas como não acredito neste pensamento, levarão de muitos, vários. O inimigo morrerá pela boca, é fato. Os zebrões entraram em campo abertos, contra-atacando, querendo passar pelos Trapalhões e balançar as redes do Dedé. É, triste fim serás o vosso. Dançaram muito na grande festa de terça e viajarão na quarta. Triste fim de uma seleção principiante.

25 de Junho de 2006

segunda-feira, julho 03, 2006

JOGAMOS PORQUE ELES JOGARAM

Terceira partida brasileira, última da primeira fase e os primeiros adversários nossos entraram em campo hoje. Somente hoje jogaram contra nós. Não sei se porque eles precisavam de uma grande vitória para permanecerem na terra das salsichas, ou porque o técnico era um brasileiro com puro sangue futebolístico, ou, até talvez, porque achavam que seria possível permanecer por lá mais algumas semanas. É, triste ilusão. Mas, acima de tudo, foi o primeiro time a entrar no campo contra a seleção hexacampeã, mas infelizmente, disputariam o direito de continuar na copa em um jogo contra a seleção campeã. Digo infelizmente, porque tenho uma pequenina partícula de sangue nipônico. Foram ousados, atrevidos, audaciosos. Jogaram abertos. Não contra-atacavam, mas também não retrancavam-se, não jogaram espremidos como em latas de sardinha. Gol. Deles, dos ousados. O primeiro gol sofrido. Abre-se o placar. Ataque único, rápido, certeiro, fatal. Brasil 0 x Japão 1. Silêncio. Pessimismo no ar. ... penso “obrigado Japão”. Precisávamos disso, sofrer um gol, ser atacado. Perfeito, hora certa, momento exato. Foi o gol da copa. Desperta o gigante adormecido. Gol. Nosso, da Majestade, Ronaldo. Vibra o mundo. Jogada única, perfeita, brasileira. Gaúcho, Cicinho, Ronaldo, rede, goleiro. Goleiro só depois do apito. Três segundos, encerra-se o primeiro tempo. Intervalo. Blábláblá dos gurus televisivos. Segundo ciclo. Rede. Gol. Uma paulada. Pernambuco, reserva. Agora titular, graças. Rede. Mais um. Dono da bola e Gilberto. Gol, outro. Majestade, simplesmente matador. Juan, Majestade, Juan, Majestade e rede. Pronto, finalizado. Os escretes choram, os gurus murcham. Vai faltar espaço pras fotos. Várias, muitas. Só da Majestade, duas. Ta aí. Despertaram os senhores da bola, a seleção do mundo. Arigatô Nihon, obrigado País do Sol Nascente. E agora ?, ...., agora só restam 15 chorarem.

22 de Junho de 2006

A ARTE DO REI

Impossível deixar de falar da nova Majestade. Ronaldo é rei. Rei do novo século. Poderoso Rei do Mundo. Um mundo redondo, que vira e desvira, bate e rebate. Um mundo que não para. Mas um mundo diferente. Um mundo sem brigas, sem armas, sem guerras. Mundo de credos e crenças, amor e paixões. Mundo de muitos homens e batalhas. Homens guerreiros e batalhas travadas à moda antiga, corpo-a-corpo. Um mundo de pura arte, a mais sublime das artes. Arte instantânea, com uma bola, movimentos e corpos. Uma arte dinâmica, em constante mudança. Grandiosa, densa, estratégica. Mas uma arte disputada, corrida e suada. Uma arte com vencedores e perdedores, que é vencida no placar, em 90 minutos. Uma arte de multidões, grande público, expectadores cativos, torcedores roxos. Arte em um mundo com soldados, príncipes, imperadores e reis. Neste Mundo, Reis são donos, mandam e desmandam, absolvem e matam. Dão o tom da gritaria. Hoje, o Rei é um brasileiro, o Rei é Ronaldo. Hoje o Rei fez o mundo tremer, torcer, chorar e gritar. Ditou as regras, os movimentos e os gritos. Gritos sincronizados. Gritos de Gol. Hoje Ronaldo foi rápido, intangível e incapturável. Rei guerreiro. Um rei vencedor, campeão. Hoje Ronaldo encheu o mundo de barulho, encheu a bunda dos gurus com todas as palavras. Palavras mudas e barulhentas. Não falou, hoje o Rei fez. Fez dois *. Duas belas artes que só um Rei pode fazer. Hoje o mundo parou e viu a arte do Rei. Parou e viu Ronaldo. Ronaldo o Rei Brasileiro.

** Ronaldo fez dois dos quatro gols brasileiros na vitória de 4 x 1 sobre a Seleção Japonesa

22 de Junho de 2006

O TERCEIRO E A EXPLOSÃO

Nos momentos que antecederão a segunda partida da seleção hexacampeã era só descrença. Ouvia-se: “- Tem-se que se tomar cuidado com a seleção australiana, ela é perigosa”. Que isso gente, que preocupação é essa. Estamos falando da primeira seleção do mundo contra a uma seleção da Oceania. Incomparável. Impreocupável (??, humm). Inócuo grupo de pernas de pau. Cá entre nós, temos o respeito de falar que “os outros times podem ser perigosos”, que “temos que ter cautela”. Só pode ser por respeito, ética, não é possível. Mas devíamos deixar de besteira, respeito deve ter eles. Respeito e privilégio. Poucos são os grupos que podem ter a honra de perder dos hexacampeões. Todos irão embora, e poucos terão a honra de ter jogado contra os grandes campeões do mundo. Pouquíssimos terão uma camisa amarela com cinco estrelas de um grande astro. Pouquíssimos conseguirão balançar as nossas redes. E dizem que temos que nos preocupar ?. Quem tem que se preocupar são eles. Nós alcançamos o ápice no mundo futebolístico, estamos no estado da arte, estamos re-criando o futebol. Chegamos até aqui, não vamos parar por aqui, logo, temos que ser donos da bola sim. Temos que impor a nossa camisa com cinco estrelas. Pisar na cabeça de todos e dar espetáculo. Em cima de todas as raças. Apesar de termos todas as raças. É, temos mesmo ..., mas a genética é modificada, algo como mutante. Somos brasileiros, únicos. Mas mesmo assim ainda nos preocupamos nos jogos. “Complexo de vira-lata” diria Nelson Rodrigues. No jogo contra os “cangurus perdidos” a platéia tupiniquim começou a partida em pânico, assustada e descrente. Os astros passaram boa parte dos minutos apáticos, mornos. Correndo mais extremamente lentos Os passes não se encontravam. Jogadas isoladas e só. Sem muito perigo. Quanto aos cangurus ?, estes nem entraram em campo. A seleção continuava a perder pra si mesma. Não conseguia vencer a sua própria habilidade. Densidade altíssima de astros, faltava espaço. Na verdade, precisamos urgentemente de um campo maior. Os de hoje são pequerruchos, limitados. Os do país da salsicha então, parece que diminuíram. Estádios monumentais, mas o gramado é pequeno, falta espaço, caustrofóbico. Termina o primeiro tempo. Começa e segundo. Gol. Ronaldinho, Ronaldo e Adriano. Primeira explosão. Os gritos foram altos, fortes. Ninguém, ninguém ousou ficar sentado. Mas não houve comemoração. Foi um desabafo, um grande alívio. Todos sorriam, mas era um sorriso de fim de angústia. Voltemos à um comentário da jogada, Ronaldo simplesmente incrível. Chamou todos os cangurus pra dançar. Vieram três. Ronaldo dançou, eles também. Bola no Imperador e rede. Blábláblá. A “colônia inglesa” ainda não entrou em campo. Atrapalhadas na zaga. Atrapalhadas do goleiro Dedé. Substituições. Platéia pessimista. “- Se não melhorar não vamos levar a Copa”. Exclamação, então quem levará ??. Sangue novo em campo. Mais astros. Astros novos, futuros donos de 2010. E aí, eis que sai o Terceiro. Frederico, astro novo. Aí o sorriso sai, o grito saí. Alegria de verdade. A platéia tupiniquim desabafa, alivia, sorri, comemora. Por um momento a crença aparece, seremos campeões do mundo mais uma vez. A primeira verdadeira explosão veio, apenas, com o terceiro gol brasileiro. Termina o jogo. O grupo titular, com dois reservas, vencem outro treino. Um minuto, silêncio. Ouve-se:"- O Brasil não jogou bem, se continuar assim na chegaremos lá ”. E os cangurus ainda não haviam pulado em campo. Mas o pessimismo sim, menos no terceiro gol.

21 de Junho de 2006