quarta-feira, outubro 31, 2007

SABATINA FOLHA

JOSÉ PADILHA

Para cineasta, miséria não é a causa da violência no país

Diretor afirma que seu filme não prega a violência policial, admite que já fumou maconha e defende a descriminalização das drogas

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O DIRETOR DE "Tropa de Elite", José Padilha, 40, disse ontem, em sabatina promovida pela Folha, não concordar que a miséria seja a causa da violência no país, pensamento que vê como "padrão" no Brasil. Segundo ele, cidades com índices sociais piores do que o Rio são menos violentas. "Então, existe no Brasil algum processo que converte miséria em violência."
O cineasta criticou declarações do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), segundo o qual a legalização do aborto ajudaria a reduzir a criminalidade. Padilha, que foi sabatinado pelo editor de Cotidiano, Rogério Gentile, e pelos colunistas Marcelo Coelho, Barbara Gancia e Gilberto Dimenstein, contou que já fumou maconha e defendeu a descriminalização das drogas. Ele fará um filme que pretende retratar a corrupção política no país -"O Corruptólogo".

O FILME PREGA QUE A VIOLÊNCIA POLICIAL É MAL NECESSÁRIO?
Minha resposta é não. Tentei tirar do filme argumentos pró e contra a posição do narrador. Para as pessoas olharem aquilo e refletirem a respeito. A gente tem que se perguntar por que há policiais que pensam assim.

HEROÍSMO
É muito difícil imaginar que alguém considera o Nascimento um herói. [O filme mostra que] Com o nascimento do filho, ele descobre que a sua ideologia, a violência, não é compatível com a sociedade nem com a sua família. Não consegue verbalizar isso, mas passa o filme todo em crise existencial porque percebeu isso internamente. Isso é a premissa do personagem. Qual é o drama dele? "Quero sair daqui." O que me incomoda é que as pessoas não vejam isso e, em vez de se identificar com o personagem, se identificam com o discurso do personagem.

MISÉRIA E VIOLÊNCIA
A idéia era tentar descobrir como policiais vêem a violência. Existe um discurso-padrão que explica os altos índices de violência no Brasil pela miséria. O problema é que esse discurso não resiste aos fatos. Se você pegar dados da ONU e comparar índices sociais com os de violência, vai ver que tem países e cidades com índices sociais bem piores do que os do Rio, e os de violência, muito menores. Então, existe no Brasil algum processo, algum fenômeno, que converte miséria em violência em uma taxa alta. No filme "Ônibus 174" a idéia era mostrar como o Sandro ficou tão violento assim. E a tese subjacente era que o Estado produziu aquilo -a polícia matou os amigos do Sandro na Candelária, e o Sandro foi jogado em uma "Febem", onde crianças apanham e são tratadas como escória. Se você faz isso com pessoas por muito tempo, as transforma em violentas. Isso é uma das coisas que convertem miséria em violência. A outra é a polícia. O que leva a polícia a isso? "Tropa de Elite" diz isso: baixa remuneração, corporação corrompida por dentro... A contrapartida da honestidade na polícia brasileira gerou a violência, isso explica o discurso do Nascimento.

SANDRO E CAPITÃO NASCIMENTO
Os filmes ["Ônibus 174" e "Tropa de Elite"] têm o mesmo enfoque: quero explicar esse comportamento, não quero julgar. O processo que gera uma pessoa como o Sandro [Nascimento] é o mesmo que gera o capitão. Por isso eles têm o mesmo nome [Nascimento].

DROGAS
Não me parece razoável o Estado dizer se devo consumir maconha ou não. Não há lei que impeça o acesso à droga. O que se deve discutir no mundo real é de que forma se dará o acesso. O próximo passo é lógico: tem de legalizar. O Estado não diz se você pode ou não fumar cigarro, no entanto, faz uma campanha maciça explicando o que o cigarro faz. E cobra um imposto elevadíssimo. Acontece que [com isso] caiu bruscamente o consumo de cigarro. No mundo ideal, sou favorável à legalização das drogas e a tratar a questão como de saúde pública.

INGRESSO BARATO
Neste fim de semana devemos ter mais de 2 milhões de espectadores, deveremos chegar a mais de 3 milhões. Mas o público caiu mais rápido do que o do "Carandiru" nos cinemas de classes C e D em razão da pirataria. Estamos propondo para os exibidores jogar o preço do cinema a R$ 5 para ver se esse público vai ao cinema. E não sei se não deveria existir incentivo fiscal para a compra de ingresso de filme brasileiro. Talvez aí não precisasse do incentivo para a produção ou [esse incentivo] seria menor.

COMBATE À PIRATARIA
Poderíamos fazer como o Radiohead [grupo de rock inglês], oferecer o download na internet e cobrar. Teve um cara do Sul do país que me mandou um e-mail dizendo que tinha visto o filme pirata, tinha gostado muito. Queria o número de minha conta para depositar o valor do ingresso. É uma solução genial, direto na minha conta [risos].

PRÓXIMO FILME
[É] "O Corruptólogo", com a mesma maneira de filmar, [olhando o] que gera um certo político típico, como temos no Congresso. O político típico está lá por um motivo, tem a ver com as leis de financiamento de campanha. É uma idéia do Gabriel O Pensador.

IMAGEM DE ONGS
Tem ONGs seriíssimas, mas há também as que não são. Quando fiz "Ônibus 174", olhei a estatística de meninos de rua e ONGs no Rio. Eram 3.400 meninos de rua e 1.615 ONGs. Se cada uma pegasse dois, acabava o problema. As ONGs são importantes, mas desconfio da proliferação. O filme não é tese científica. Uma tese tem metodologia e lógica próprias, mas são simplificações também. No cinema, que não tem a lógica da pesquisa, mas a da dramaturgia, a simplificação é maior ainda. A ONG do filme está inspirada numa do morro Dona Marta. O cara da ONG quase terminou como o do filme.

FUMA MACONHA?
Não. Já fumei.

ABORTO E VIOLÊNCIA
O aborto é uma discussão muito complicada, que não tem só a ver com violência. É um argumento muito ruim [do governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro] dizer que legalizar o aborto diminuirá a violência. É muito complicado entender os fenômenos sociais.

LUCIANO HUCK
Céus...! O artigo dele existiu em um contexto. O Confúcio, vou apelar a ele, fala assim: "Em um país justo, a miséria é uma vergonha. Em um país injusto, a riqueza é uma vergonha". No Brasil existe crítica à riqueza e à ostentação. O que acho que ele quis dizer foi: "Posso usar um Rolex, porque não roubei esse Rolex". Eu não usaria um. Acho que faltou a ele parar para pensar no contexto. Mas discordo do tom do artigo. Dizer "chama o Capitão Nascimento" é uma reação emotiva, mas a idéia é errada, pois o Capitão Nascimento acredita na coisa errada.

EFEITO EM CRIANÇAS
Meu filho de quatro anos canta uma música do filme: "Morro do Dendê é ruim de invadir...". Não é proibindo música que vai reduzir violência. A idéia de que o filme é perigoso é ruim. O filme é para maiores de 16 anos, mas a cópia pirata não é proibida para ninguém.

REAÇÃO NA PUC-RJ
Em um debate na PUC, um cara perguntou o que eu achava que tinha feito com a imagem da PUC. Comecei a rir, e ele disse que eu não poderia rir. Usei lá como locação. Tinha uma pessoa da PUC me acompanhando na filmagem. Aí o aluno disse: "Quem foi essa pessoa?". Respondi: "Por que, você vai botar a pessoa no saco?".

quinta-feira, outubro 25, 2007

PURAMENTE ÓBVIO

Incrível é, como pessoas se impressionam com o óbvio. Falo sobre o tal "The Secret", o tal livro/filme, do estilo auto-confiança/auto-ajuda, do tipo "coisa pra quem está deprê". Pelos comentários, trata-se apenas da questão da fé, do poder da fé. Óbvio né?, alguma subjeção?, algo a questionar?. Meus caros, algo óbvio demais para perdermos tempo. Ei!!, isso já vem sendo ensinado desde nosso nascimento, tudo está explícito no livro mais vendido do mundo, ok?. Tá aí, nada de segredo, mais uma jogada de marketing, rios de dinheiro para o bolso dos espertos.

quarta-feira, outubro 24, 2007

Tropa de Elite mostrou que eu tenho uma porção de conhecidos fascistas e/ou, apoiadores da tortura. O-Oh, hora de rever meus conceitos.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Ontem em Interlagos.

Seria a "pipocada" do ano ??

sexta-feira, outubro 19, 2007

Prognóstico para o Título.

Provavelmente virá contra o América de Natal no Morumbi.

Prognóstico para a rodada.

Êxito.

quinta-feira, outubro 18, 2007

Para os amantes do Rock e Cinema.


Ian Curtis (1956-1980) Kurt Cobain (1967-1994)






Começa nesta sexta (19.10) a 31ª Mostra de Cinema Internacional de Sampa.

Dois filmes andam chamando atenção:

Control - filme sobre a vida do ícone pós-punk Ian Curtis.
About a Son - filme/documentário sobre a trajetória de Kurt Cobai

Os horários e lugares destes filmes são:
Control:
Sexta (19/10) - sessão 27 às 18h40 no IG Cine (Rua Fradique Coutinho, 361 - Pinheiros).
Sábado (20/10) - sessão 96 às 22h40 no Unibanco Arteplex 1 - Shopping Frei Caneca, 569-3º piso).
Domingo (21/10) - sessão 236 às 22h00 no Espaço Unibanco (Rua Augusta, 1.475).

About a Son:
Sábado (20/10) - sessão 162 às 23h10 no Reserva Cultural (AV Paulista, 900-térreo baixo).
Segunda-feira (22/10) - sessão 273 às 18h20 no Unibanco Arteplex 1 (Shopping Frei Caneca, 569-3º piso).


Para informações é só acessar o site: www2.uol.com.br/mostra.

Boa viagem a todos.

Seleção de ontem.

Vejo Dunga no caminho certo. Estou com ele e não abro.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Thom Yorke é quem pergunta ??

Quanto vale o show ??

sexta-feira, outubro 12, 2007

Precisão, por favor.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Não é só red bull que lhe dá asas.
Diz o doutor: "Errar é humano, acertar também é".