quarta-feira, julho 26, 2006

COLETÂNEAS, GREATEST HITS E OUTRAS BESTEIRAS

Considero-me um grande admirador de música, não um fanático completo que leva a vida na música, faz dela um negócio, um ganha-pão, bem menos, um músico, que como alguns, se acham como um “artista do movimento musical” que mudará o mundo, menos ainda, um “nóia” ou um “zé mané” (dentre os milhões existentes) que se apegam a guardar na ponta da língua letras, traduções, títulos e faixas e vivem colados em radinhos escutando os grandes hits do momento, as baladas de sucesso, ou simplesmente o que está na moda, mas sim, um simples ouvinte assíduo e admirador de música boa. E claro, um simples ouvinte assíduo e admirador de música boa tudo em alto e bom volume, sempre. E como um grande admirador de música, tem algo que me revolta profundamente no cenário musical – ainda mais do que ver a grandessíssima quantidade de besteiras disponíveis nas prateleiras e suas medíocres legiões de fãs temporários -, estou falando das “Coletâneas”, dos “Greatest hits”, dos “Os Melhores Momento de ...”, e dos outros infinitos títulos dados às aglomerações das “músicas mais tocadas”, das “musicas da moda”, das “musicas das paradas”, das “melhores músicas de”. Porra, faz-se um apanhado de 12 faixas – não sei feito por qual idiota – e diz-se ser as melhores composições de uma banda, de uma década, de uma geração e até de um século. Nisso tudo cabe um outro comentário, me desculpem até as próprias bandas, mas coletâneas são coisas pra enganar o tempo, preencher a falta de coisa nova, a ausência de criação e ganhar “fãs temporários”. O que é isso ?. Isso é motivo de piada, de desprezo, onde se viu escolher um mísero número de faixas e enquadrá-las como as melhores de uma grande banda, de uma época?. Como é possível selecionar as 12 melhores de 20, 30, 40, ... 100 anos de história?. Isso é simplesmente impossível e acima de tudo injusto. E com tudo isso, vulgarizam-se as grandes bandas, colocam-se na boca de todos os “hits”, as "baladinhas comerciais", os “sons da parada de sucesso”, e aí se ouve “ – Aquela banda tem umas musicas legais, até que gosto dessa banda”. Onde se viu gostar de UMA musica ?, onde viu “até que gosto dessa banda”?. Ou gosta ou não gosta, não se gosta de alguém pela metade, ou gosta-se do completo, do dedão do pé até o ultimo fio de cabelo (todo enrolado, disforme e tortinho), ou não gosta, e com música não é diferente, tudo tem que ser admirado, porque banda é diferente de UMA música, banda é o todo, banda é integrantes, canções, álbuns demos, álbuns estúdios, singles, bootlegs e, acima de tudo, shows. E aí vêem me dizer de “Coletâneas do Rock” (onde se viu fazer uma coletânea de todo o rock n’ roll, absurdo), “Coletâneas dos Anos 60, 70 e 80” (Maldita Globo e Som Livre), “Coletâneas do Luciano Huck” (Maldito napa), e por aí vai as inúmeras geniais idéias vendáveis. Simplesmente odeio tudo isso, abomino bandas, cd’s e gravadoras adotantes desta prática. Não estou aqui dizendo que me recuso a ouvir tais bandas, mas apenas me recuso a adquirir tais “pérolas” e compartilhar dos mesmos sons que certos “Zé Manes”, me recuso a entrar no "coro dos hits insuportáveis". Mas se você ainda insisti nisso, aqui vai um conselho, "- Ouça uma rádio!", além de ouvir quinhentas vezes por dia as mesmas músicas e estar por dentro da moda, você ainda economiza dinheiro (por sinal, o que são as rádio de hoje hein, é tudo a mesma coisa, simplesmente um mesmo playlist diário em shuffler, simplesmente uma merda). ... Certo dia um alguém desprezível e tomador de remédios, comentou comigo que havia comprado os álbuns “Anos 80 – O melhor das Discos” (acho que o maldito nome da porcaria era isso mesmo, uma idéia genial da Globo e Som Livre, é claro), e mais, o ser estava tentando me dizer – neste momento eu já não estava mais ouvindo-o – que os álbuns eram muito bons, e mais, me disse “ – Se você quiser ouvi-los um dia desses, posso emprestar-te”, e eu respondi, “ – Será que vai chover ?, acho que deixei o meu cachorro no quintal. ... Boa essa cerveja né, tá gelada”.

Rock'n Roll sempre, pro inferno o resto!


25 de Julho de 2006