segunda-feira, julho 03, 2006

O TERCEIRO E A EXPLOSÃO

Nos momentos que antecederão a segunda partida da seleção hexacampeã era só descrença. Ouvia-se: “- Tem-se que se tomar cuidado com a seleção australiana, ela é perigosa”. Que isso gente, que preocupação é essa. Estamos falando da primeira seleção do mundo contra a uma seleção da Oceania. Incomparável. Impreocupável (??, humm). Inócuo grupo de pernas de pau. Cá entre nós, temos o respeito de falar que “os outros times podem ser perigosos”, que “temos que ter cautela”. Só pode ser por respeito, ética, não é possível. Mas devíamos deixar de besteira, respeito deve ter eles. Respeito e privilégio. Poucos são os grupos que podem ter a honra de perder dos hexacampeões. Todos irão embora, e poucos terão a honra de ter jogado contra os grandes campeões do mundo. Pouquíssimos terão uma camisa amarela com cinco estrelas de um grande astro. Pouquíssimos conseguirão balançar as nossas redes. E dizem que temos que nos preocupar ?. Quem tem que se preocupar são eles. Nós alcançamos o ápice no mundo futebolístico, estamos no estado da arte, estamos re-criando o futebol. Chegamos até aqui, não vamos parar por aqui, logo, temos que ser donos da bola sim. Temos que impor a nossa camisa com cinco estrelas. Pisar na cabeça de todos e dar espetáculo. Em cima de todas as raças. Apesar de termos todas as raças. É, temos mesmo ..., mas a genética é modificada, algo como mutante. Somos brasileiros, únicos. Mas mesmo assim ainda nos preocupamos nos jogos. “Complexo de vira-lata” diria Nelson Rodrigues. No jogo contra os “cangurus perdidos” a platéia tupiniquim começou a partida em pânico, assustada e descrente. Os astros passaram boa parte dos minutos apáticos, mornos. Correndo mais extremamente lentos Os passes não se encontravam. Jogadas isoladas e só. Sem muito perigo. Quanto aos cangurus ?, estes nem entraram em campo. A seleção continuava a perder pra si mesma. Não conseguia vencer a sua própria habilidade. Densidade altíssima de astros, faltava espaço. Na verdade, precisamos urgentemente de um campo maior. Os de hoje são pequerruchos, limitados. Os do país da salsicha então, parece que diminuíram. Estádios monumentais, mas o gramado é pequeno, falta espaço, caustrofóbico. Termina o primeiro tempo. Começa e segundo. Gol. Ronaldinho, Ronaldo e Adriano. Primeira explosão. Os gritos foram altos, fortes. Ninguém, ninguém ousou ficar sentado. Mas não houve comemoração. Foi um desabafo, um grande alívio. Todos sorriam, mas era um sorriso de fim de angústia. Voltemos à um comentário da jogada, Ronaldo simplesmente incrível. Chamou todos os cangurus pra dançar. Vieram três. Ronaldo dançou, eles também. Bola no Imperador e rede. Blábláblá. A “colônia inglesa” ainda não entrou em campo. Atrapalhadas na zaga. Atrapalhadas do goleiro Dedé. Substituições. Platéia pessimista. “- Se não melhorar não vamos levar a Copa”. Exclamação, então quem levará ??. Sangue novo em campo. Mais astros. Astros novos, futuros donos de 2010. E aí, eis que sai o Terceiro. Frederico, astro novo. Aí o sorriso sai, o grito saí. Alegria de verdade. A platéia tupiniquim desabafa, alivia, sorri, comemora. Por um momento a crença aparece, seremos campeões do mundo mais uma vez. A primeira verdadeira explosão veio, apenas, com o terceiro gol brasileiro. Termina o jogo. O grupo titular, com dois reservas, vencem outro treino. Um minuto, silêncio. Ouve-se:"- O Brasil não jogou bem, se continuar assim na chegaremos lá ”. E os cangurus ainda não haviam pulado em campo. Mas o pessimismo sim, menos no terceiro gol.

21 de Junho de 2006