AGORA JÁ ERA, JÁ TEM DATA, VALOR E LUGAR

It's just 4 Fun
Tem se tornado insuportável assistir qualquer discussão futebolística, quando o assunto em pauta é “craque de futebol” ou “o melhor no mundo da bola”. O bando de “especialistas”, mexem e remexem, nunca entram em acordo e no final, um mané sempre diz: - “Foi Pelé, ponto”. Pqp !!!!!, ser velho é uma merda, ancorasse no maldito passado e por décadas alimentam um argumento desatualizado e não aplicável. Tá certo, o cara foi o maior jogador do mundo, nos deu títulos, muita alegria e até pode-se dizer que tenha ensinado muita gente como jogar bola – somos eternamente gratos -, mas FOI isso, passado, virou parte da história, logo, coisa de livros, vídeos, museu. Mas infelizmente, velhos são muito velhos para conseguir entender isso, para eles, Pelé foi e continua sendo o melhor jogador do mundo, ponto. Falam como se o tal fosse capaz de entrar hoje em qualquer partida e dar show. Peraí, cada qual em sua época, Pelé não seria capaz de agüentar 45 minutos em uma partida do Brasileirão, muito menos na Copa do Mundo. Pelé foi gênio em uma época onde o objetivo principal era a bola, em uma época onde os gringos se assemelhavam a pedaços de madeira com pernas, em uma época onde o único movimento possível em campo era andar para frente e para trás, lateralmente nem pensar. Hoje, os jogadores são pura força e músculos, bate-se até na sombra, movimenta-se muito, não há espaço e a lei é: “pegou a bola, ta no chão, nada pode passar”. Hoje, Pelé não ficaria em pé, não daria dribles desconcertantes com tanta freqüência, não balançaria a rede de forma tão bela como em sua época, sofreria constantemente, viveria no centro médico, lesionado. Aqui vai um exemplo prático, todos devemos lembrar dos dribles do Sr. Mané Garrincha - aquele em que ele fica dançando à frente do adversário correndo e deixando a bola parada -, agora imagine ele aplicando esse malabarismo à frente do Lugano ou do Marinho. Fácil ver o que aconteceria, não é?. Mané Garrincha, no mínimo, perderia o joelho na segunda tentativa, podendo até ficar sem a cabeça nos próximos capítulos. Ta aí velharada, essa é a verdade, Pelé foi o maior jogador do mundo na época dele, assim como Ronaldo Fenômeno também foi e assim como muitos outros serão, mas apenas, cada qual em sua época. Foi. O futebol de hoje é o de hoje, assim como os craques atuais, são os atuais, ponto. Portanto, deixem de saudosismo e ignorância e vamos falar do futebol de hoje, dos craques atuais, sem essa de “naquela época...”. O tempo passa, as coisas evoluem e na cabeça dos velhos ainda permanece a brilhantina. Deixemos de querer aplicar o passado no presente é incabível, é ignorância, burrice. Os que tiveram o privilégio de ver o gênio jogar, felicidades, mas guardem isso na memória pessoal, só isso. Parem com esse blá-blá-blá Pelé pra cima de nós, porque não fazemos parte desse passado, não andamos de Romi-Isetta e não acompanhamos mais às Copas pelo rádio, vivemos no hoje, em outra era, em uma era onde até ir ao museu já virou coisa do passado. Isso tudo é a evolução, infelizmente, algo muito complicado para velhos.
Confesso eu, como otimista que sou, que entrei o ano de 2007 um pouco desanimado e sem muita fé em melhores ares, apesar do bom ano que tive em 2006. O dia 01 de Janeiro tem sua parcela de culpa em tudo isso. A Tv, como de costume, teve a infelicidade de, logo no primeiro dia do ano, massacrar o povo tupiniquim com as estonteantes cerimônias de posse dos governadores e do nosso querido presidente da república. Cerimônias estas organizadas nos seus mínimos detalhes e regadas a plumas e paetês, e claro, custando muitas cifras ao povo. Até aí, creio que tudo bem. O grande desânimo da minha parte veio quando vi o nosso querido presidente não apresentar os nomes da sua equipe, bem como, insinuar que ele ainda não tinha elaborado o seu plano de governo. Triste ou não?. A resposta é: lamentável, deprimente. Depois disso veio o dia 02 de Janeiro, o primeiro dia de trabalho do ano. Novidades?. Nada, absolutamente nada, parecia que o mundo ainda estava de ressaca. O telefone não tocou e nada aconteceu. Mais um dia normal. Como todo primeiro dia da semana, era hora de ir comprar o arsenal para o menu da semana. Hipermercado lotado, sem lugar para estacionar, filas nos caixas e tudo mais. Um típico dia de compras, no dia de geladeira vazia e no dia do pagamento dos trabalhadores. Depois de algum tempo de espera, estou eu na porta do caixa, mas antes passava por ele duas crianças tupiniquins. Uma garotinha, com seus 12 anos, e um garotinho, com seus 6 anos. Eles compravam nada mais que uns pães, leite, frutas, um vidro de esmalte e uma meia do batman. A negociação com a mulher do caixa demorou um pouco. Porque?. Claro, ela não tinha o dinheiro suficiente para tal aquisição. Quanto?. Vinte míseros reais. Tira item daqui, coloca item dali, e decidiu-se, retiram-se as caixas de leite e a meia do batman. Resultado, compra feita, mas garotinho triste. Compras na sacola e adeus. A garotinha já havia se distanciado uns 10 metros quando o triste garoto veio em disparada, pegou a sua almejada meia do batman, e partiu, jogando-a dentro do carrinho de compras que a garotinha empurrava, sem que ninguém o visse, a não ser eu. Quando percebido, a garotinha chamou atenção do garoto e falou, não sei o que, e sinalizou algo. O garotinho voltou e devolveu a meia furtada, com a cara triste. Ele não teria a sua meia do batman. Havia chegado a minha vez, olhei para traz e ambos já havia desaparecido na multidão. Bom, apesar de toda a demora, a grande fila serviu para algo. No segundo dia do ano, renasceu-se a esperança, ressuscitara-se a fé.