quarta-feira, janeiro 03, 2007

UMA MEIA DO BATMAN

Confesso eu, como otimista que sou, que entrei o ano de 2007 um pouco desanimado e sem muita fé em melhores ares, apesar do bom ano que tive em 2006. O dia 01 de Janeiro tem sua parcela de culpa em tudo isso. A Tv, como de costume, teve a infelicidade de, logo no primeiro dia do ano, massacrar o povo tupiniquim com as estonteantes cerimônias de posse dos governadores e do nosso querido presidente da república. Cerimônias estas organizadas nos seus mínimos detalhes e regadas a plumas e paetês, e claro, custando muitas cifras ao povo. Até aí, creio que tudo bem. O grande desânimo da minha parte veio quando vi o nosso querido presidente não apresentar os nomes da sua equipe, bem como, insinuar que ele ainda não tinha elaborado o seu plano de governo. Triste ou não?. A resposta é: lamentável, deprimente. Depois disso veio o dia 02 de Janeiro, o primeiro dia de trabalho do ano. Novidades?. Nada, absolutamente nada, parecia que o mundo ainda estava de ressaca. O telefone não tocou e nada aconteceu. Mais um dia normal. Como todo primeiro dia da semana, era hora de ir comprar o arsenal para o menu da semana. Hipermercado lotado, sem lugar para estacionar, filas nos caixas e tudo mais. Um típico dia de compras, no dia de geladeira vazia e no dia do pagamento dos trabalhadores. Depois de algum tempo de espera, estou eu na porta do caixa, mas antes passava por ele duas crianças tupiniquins. Uma garotinha, com seus 12 anos, e um garotinho, com seus 6 anos. Eles compravam nada mais que uns pães, leite, frutas, um vidro de esmalte e uma meia do batman. A negociação com a mulher do caixa demorou um pouco. Porque?. Claro, ela não tinha o dinheiro suficiente para tal aquisição. Quanto?. Vinte míseros reais. Tira item daqui, coloca item dali, e decidiu-se, retiram-se as caixas de leite e a meia do batman. Resultado, compra feita, mas garotinho triste. Compras na sacola e adeus. A garotinha já havia se distanciado uns 10 metros quando o triste garoto veio em disparada, pegou a sua almejada meia do batman, e partiu, jogando-a dentro do carrinho de compras que a garotinha empurrava, sem que ninguém o visse, a não ser eu. Quando percebido, a garotinha chamou atenção do garoto e falou, não sei o que, e sinalizou algo. O garotinho voltou e devolveu a meia furtada, com a cara triste. Ele não teria a sua meia do batman. Havia chegado a minha vez, olhei para traz e ambos já havia desaparecido na multidão. Bom, apesar de toda a demora, a grande fila serviu para algo. No segundo dia do ano, renasceu-se a esperança, ressuscitara-se a fé.