sexta-feira, agosto 11, 2006

ONTEM UM, HOJE DOIS

Meus anos de vida somam pouco mais de ¼ de século e a poucos me apaixonei pela leitura. Não por revistas, jornais, folhetins e demais papéis impressos com circulação periódica, onde só se tem especulação e sensacionalismo barato, mas sim por livros, e nestes, especificamente os romances, os contos e as crônicas. E quanto aos poemas e poesias?. Odeio esses, não consigo ler uma simples página e, confesso, não entendo nécas - acho tudo muito complexo, obscuro, meio sem lógica, tudo muito rebuscado. Ou sou um péssimo leitor e não entendo nada de ajuntamento de palavras, ou realmente tudo aquilo não quer dizer nada. Nisso tudo, fico com a segunda opção, “Tudo aquilo não tem sentido algum” (a não ser para quem escreveu, é claro. Ou não, né !). Durante minha adolescência, considerava os livros uma “perda de tempo”, “coisa pra quem não o que fazer”, simplesmente uma chatice só. E com certeza eu estava certo, na adolescência tudo é mais interessante que os livros. Festas, baladas, garotas, rolê de skate, futebol, tarde na cachoeira, rango na madrugada, cerveja e tudo o mais, até mesmo uma “Sessão da Tarde” na Tv, assistindo incessantemente “Os Goonies” e “Curtindo a Vida Adoidado”, é algo muito mais interessante que um livro, não há questionamento, isso é fato. É uma fase de aprender a viver na rua, ver o que é possível se fazer e o que se é possível fazer, época de irresponsabilidade pura. Particularmente, agradeço por não ter-me apegado à leitura durante a minha adolescência, com certeza, muitas coisas passariam, e, simplesmente, passariam e não aconteceriam, e hoje, seria tarde demais. E também, não seria absorvido quase nada nessa época. Nessa época não há discernimento, as coisas estão se criando, e, os livros atrapalhariam, e muito, em tudo isso. “Realidades irreais”, “Mundos fantásticos” e “Opiniões secundárias”, tudo isso seria visto e criado. Mas o passar dos anos faz toda a diferença. Hoje, o vício é fato e a paixão algo inerente. Uma simples olhada diária é requerida, todos os dias, sem objeções, sem qualquer esforço. Dostoiévski, Fitzgerald, Rodrigues, Marquez, Hemingway, Wilde, Poe, dentre outras ilustres figuras, são de cabeceira. E hoje, fez-se da chatice uma dependência, da falta o que fazer um imenso prazer, do ler um viver.

09 de Agosto de 2006