quinta-feira, agosto 31, 2006

COMÉDIA DIÁRIA

Incluso na grande massa de brasileiros desprovidos de capital abundante, sou mais um brasileiro a mercê da rede de canais abertos da televisão brasileira, que por sinal, é de péssima qualidade, salvo alguns raros programas e os canais dedicados à venda de produtos pela televisão. Sendo assim, a cada quatro anos, salvo algumas exceções, temos um ótimo programa diário de comédia, com alto índice de humor, sem classificação etária e com reprise no horário nobre. Se pensarmos bem, temos um programa, genuinamente tupiniquim, bem parecido com o “Saturday Night Live” (porém, qualitativamente e quantitativamente inferior em todos os sentidos), onde apresentam-se uma série de comediantes em um palco, e cada um faz e fala o que bem entende, contanto que seja engraçado. Quanto aos comediantes tupiniquins ?, estes são de todos os tipos, misturam-se os novatos com os velhos, os primeiros como os “inéditos” – alienados e sem, nem ao menos, saber disfarçar a leitura do tele-tom - e os segundos como os “macacos-velhos” - já calejados e com inúmeras apresentações na telinha, mas sempre guerreiros, porém, cada vez mais carecas, enrugados e acabados, resumindo, velhos. Dos macacos-velhos, podemos citar os comediantes eternos como: Eymael (que tem como marca o seu inesquecível jingle); Levir Fidelix (o cara do EuroTrem, um louco); Dr. Enéas (dispensa qualquer comentário); Maluf (The Hellraiser, Hailander, hahahahaha); um tal de Lula e; outras inúmeras figurinhas carimbadas. Como novos talentos citam-se: Samuel Silva (comediante fortíssimo que na sua apresentação, só fica falando o seu nome); Maurício do Avestruz (o cara aparece montando um avestruz, todo encurvado); Osmar Lins (“Peroba Neles”, esse cara é candidato forte, hahahaha); Flávio Pavinato e Mino Nicolai (comediantes locais de um cidadezinha do interior de São Paulo); dentre outras pérolas. Nisso tudo, uma coisa impressiona, creio que em nenhum programa do mundo tenha-se uma renovação de talentos tão intensa como o do nosso programa tupiniquim. Podemos dizer, com o peito aberto e sem medo à retaliações, que somos hegemônicos e temos um escola preparatória de primeiríssima qualidade. Já nos planos de carreira, as produtoras disponibilizam curso supletivo em apenas um ano e cursos de especialização - com duração máxima de 3 anos, sendo o último ano, aula prática – em: Exploração Básica Superficial em Administração Pública; Finanças Avançada (ênfase em Matemática e Caixa 2) e; Português Básico (Speaking, Writing e Listening). Nisso tudo, pena que as apresentações são curtas, sem muito tempo para os comediantes apresentarem seu talento e desenvolverem algo mais intenso, o que acaba dificultando a escolha do melhor palhaço.

31 de Agosto de 2006