quarta-feira, abril 08, 2009

Fiel" é fiel ao marketing kkkkkkkkkkkkkkkkk

"Fiel" é um mau negócio para uma jovem realizadora (bem menos para os roteiristas, que têm a vida feita): é, basicamente, uma operação de marketing.

O filme é uma celebração da chamada "fiel torcida" pelo método tradicional do documentário: um monte de torcedores fanáticos falando as coisas que todo fanático mais ou menos fala explicam porque ser corintiano é uma experiência única, insubstituível, da ordem da natureza etc.

Como, para piorar, o marketing corintiano se apóia na paixão da torcida pelo time, o filme é meramente bajulatório de seus torcedores e de seu comportamento.

O uso ecumênico das classes sociais não poderia faltar: os entrevistados são ricos, pobres, homens, mulheres, altos, baixos, mas diante do Corinthians são iguais - ainda uma vez, algo que acontece com qualquer torcida. Não que o Corinthians não tenha ricas particularidades: mas o misticismo, São Jorge, o velho Mosqueteiro com seu idealismo antiquado nem são mencionados. E, claro, não se vê nem sombra das muitas macumbas que povoaram os muros do estádio nos momentos dramáticos de 2007.

Com tudo isso, ou antes: sem nada disso, "Fiel" esvazia o "ser corintiano" de conteúdo, enterra a mística do sujeito que acredita na luta mais do que na vitória; no milagre, mais do que na razão; na garra mais do que no refinamento. Em "Fiel", um corintiano é só um corintiano: mera e cansativa tautologia. Já vi coisas melhores de Andrea Pasquini e espero voltar a ver.

O que mais dá medo em "Fiel" é que essa mania de filmes oficiais, apaixonados, autocelebratórios, se difunda de maneira incontrolável entre os times de futebol. Já houve um do Grêmio, que não vi. Promete-se um do São Paulo, que desde já estou ansioso por não ver.

Por Inácio Araujo às 13h48